Vivemos em uma sociedade em que impera o consumo. Nesta sociedade, o estimulo ao consumo pode gerar ações compulsivas. A necessidade de sermos funcionais produz a incitação de uma ação a qual quer preço sem hesitação, sem espera e com altos rendimentos produtivos.
Tudo se passa como se não pudesse mais existir um intervalo de indeterminação psíquica entre o momento de olhar e o momento de agir. Com isso, cria-se um excesso de intensidade que por precariedade ou falência dos instrumentos simbólicos e instrumentos do pensamento que tendem a ser descarregados sobre o próprio corpo ou podem se transformar ação compulsiva.
Se o excesso de excitabilidade for descarregado sobre o próprio corpo cria um aumento da agressividade produzindo graves consequências psicossociais. O aumento de violência no mundo é um exemplo claro desse movimento. Quando não há descarga sobre o corpo esse excesso de intensidade se transforma em uma ação compulsiva.
Aqui podemos nomear as compulsões em geral. O avanço das toxicomanias, sobretudo, nos jovens em todo mundo é um exemplo claro dessa ação compulsiva. Mas, embora o uso de drogas no ocidente esteja institucionalizado como forma de regular esse excesso de excitação.
A compulsão, no entanto, não se restringe apenas a droga. Mas, por exemplo, está na comida, no consumo desenfreado e em geral de qualquer objeto que participa de nossa compulsividade.
O que percebemos como psicoterapeutas é que qualquer tipo de compulsão torna as pessoas incapazes de sentir, de decidir e de agir por conta própria, ou seja, produzem-se indivíduos impossibilitados de escolher.
Constatamos que há nestas subjetividades uma precariedade de instrumentos simbólicos aliada falência do pensamento que as impossibilitam de colocar em analise, sua posição nas relações, ou seja, a própria compulsão.
Cabe interrogar que tipo de clínica é possível construir com estas pessoas que sofrem com a compulsividade que crie novas possibilidades de vida para elas.
Criar novas maneiras de viver implica em relacionar a clínica a uma ética. A ética consiste em abrir indeterminações que restituam a possibilidade sentir pensar e de agir em nome próprio sem estar assujeitado aos imperativos sociais do poder.